O senador Jorge Seif (PL-SC) integra a delegação de parlamentares brasileiros que está em Washington, para fortalecer os laços diplomáticos entre o Brasil e os Estados Unidos, além de denunciar as ameaças do atual governo federal à democracia e a liberdade do povo brasileiro.
Os senadores e deputados entregaram à Organização dos Estados Americanos – OEA, à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, OEA e ao Congresso dos EUA, uma carta assinada por cerca de 100 legisladores do Brasil, que articula o restabelecimento das relações bilaterais entre as duas nações.
A carta ressalta também a trajetória compartilhada de Brasil e Estados Unidos como bastiões da liberdade e da democracia. Ela expressa uma profunda preocupação com o recente afastamento dos ideais democráticos no Brasil e aponta para uma aproximação preocupante do governo brasileiro com regimes autoritários.
Seif deixou claro que não se trata de um pedido de interferência americana na soberania brasileira, mas sim da abertura do canal de diálogo entre os congressos das duas maiores democracias do hemisfério.
“Respeitamos a soberania nacional, mas essa é uma viagem de extrema importância para o futuro do nosso país, já que estamos denunciando o perigo das relações do nosso atual governo com países ditatoriais e as violações da nossa liberdade de expressão, que são uma ameaça real à nossa democracia e à Constituição Federal”, disse Seif.
Os signatários da carta fizeram um apelo aos seus colegas americanos para que reconheçam e investiguem possíveis interferências nos processos democráticos do Brasil e ajudem a redirecionar o país de volta ao seu curso tradicional de aliança com as democracias ocidentais.
Além de Seif, a comitiva é composta pelos senadores Eduardo Girão e Magno Malta, e pelos deputados Nikolas Ferreira, Eduardo Bolsonaro, Alexandre Ramagem, Gustavo Gayer, Altineu Cortes, Capitão Alberto Neto e a deputada Julia Zanatta, além do jornalista Paulo Figueiredo, atualmente asilado nos EUA.
Leia a íntegra da carta entregue pelos parlamentares brasileiros:
Prezados Estimados Colegas do Congresso dos Estados Unidos, Desde o alvorecer de nossas nações, Brasil e Estados Unidos da América embarcaram em jornadas únicas, porém paralelas, unidos em sua luta pelo autogoverno contra o domínio estrangeiro e se destacando como faróis colossais de paz em todo o hemisfério e o mundo. Nossas nações serviram como santuário e consolo para os pobres, perseguidos e fracos de todos os cantos do globo, que encontrariam em nossos países a promessa do Novo Mundo, um refúgio onde poderiam forjar seu futuro em liberdade e alegria. Nossas nações lutaram lado a lado para libertar a Europa e o mundo das garras do totalitarismo fascista. Nossas nações dedicaram suas melhores mentes diplomáticas à criação de um fórum estável e aberto onde todos os países possam se reunir e resolver conflitos com soberania, paz e justiça. Nossas nações permaneceram fortes por décadas contra — e finalmente derrotaram — a ameaça de outra forma de totalitarismo que jogou quase metade da humanidade atrás de uma cortina escura, onde a liberdade individual e a prosperidade eram apenas lembranças distantes. Nossas nações criaram, através do suor de nosso povo e da riqueza de nossas terras, o período mais longo de abundância na história humana, contribuindo para combater a fome em todos os lugares. Como Representantes democraticamente eleitos do povo brasileiro, sentimos um imenso orgulho pelas aspirações compartilhadas que unem nossas nações. Os valores que inspiraram a própria criação de nossa República foram claramente influenciados pelas realizações de seus Pais Fundadores: “a cidade reluzente sobre uma colina” sempre iluminou nações livres como a nossa. Apesar de tudo o que foi dito acima, em poucos — mas longos e dolorosos — momentos da história, o Brasil lamentavelmente se desviou de nossos ideais fundadores comuns. Como Representantes do Povo Brasileiro, vemos sinais preocupantes de que um novo ponto de virada nessa sombria direção possa ter sido alcançado por nossa atual administração e, portanto, sentimos a urgência e a responsabilidade de soar o alarme. Esta é a razão pela qual lhes escrevemos esta carta. Observamos um distanciamento entre nossos países e uma crescente divergência nos ideais que nossas nações tradicionalmente compartilharam. Recentemente, vimos o Presidente do Brasil fazer ataques públicos e gratuitos aos Estados Unidos e uma obsessão em enfraquecer o dólar como moeda de reserva internacional através dos BRICS e do Mercosul. Esse distanciamento dos Estados Unidos é acompanhado por um alinhamento com ditaduras comunistas como Venezuela, Cuba e China. Narcoterroristas internacionais procurados pelo Departamento de Justiça americano são recebidos com honras pelo presidente brasileiro, enquanto a China aumenta sua influência política e econômica em nosso país. O distanciamento dos Estados Unidos e o alinhamento com ditaduras comunistas têm sido acompanhados internamente por uma escalada na violação das liberdades civis dos brasileiros. Especificamente, esses abusos variam desde a perseguição de cidadãos comuns, jornalistas e juízes por suas crenças políticas e o exercício da liberdade de expressão; até a minar a liberdade de imprensa; até a violação do sistema acusatório, um pilar dos princípios legais ocidentais; e o descaso flagrante pela imunidade parlamentar legal. O nível de instrumentalização do sistema judicial para perseguição política não tem paralelo em qualquer outro lugar do mundo. Temos certeza de que vocês observaram a escalada da situação, já que um número crescente de jornalistas, comediantes, juízes e até cidadãos comuns brasileiros estão atualmente buscando asilo político nos Estados Unidos. Portanto, foi com extrema surpresa e decepção que, graças a uma reportagem publicada no Financial Times em 21 de junho de 2023, intitulada “The discreet US campaign to defend Brazil’s election” [“A discreta campanha americana para defender as eleições do Brasil”], descobrimos que a administração Biden pode ter interferido silenciosamente com os líderes políticos e militares de nosso país, o que acabou garantindo a eleição de Lula da Silva. Essa revelação causou considerável preocupação entre o povo brasileiro, que valoriza sua soberania e a integridade de seus processos democráticos. Também nos deixou bastante intrigados sobre a motivação da interferência do atual governo dos EUA em favor de um presidente que claramente contradiz os interesses americanos. Como Representantes do Povo Americano, sabemos que vocês desempenham um papel fundamental nos freios e contrapesos das ações do Poder Executivo. Portanto, pedimos gentilmente que as informações relatadas pela publicação de jornal mencionada sejam apuradas e se, de fato, a atual administração dos EUA tem trabalhado para influenciar eleições em nações amigas de uma maneira que, em última análise, contradiz os interesses e valores americanos. Em conclusão, pedimos a vocês, nossos estimados colegas, que trabalhem para restaurar os laços que unem nossas nações e prestem atenção à situação que se desenrola no Brasil. Acreditamos que, por meio do entendimento e cooperação mútuos, podemos navegar por esses tempos turbulentos e garantir a liberdade e prosperidade contínuas de nossas nações. Que o destino de nossos dois países permaneça entrelaçado em paz e liberdade. Os caminhos que trilhamos podem ser únicos, mas que permaneçam harmoniosos e paralelos, levando aos mesmos ideais compartilhados de liberdade, paz e prosperidade.