A pedido (REQ 18/2024) do senador Jorge Seif (PL-SC), a Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) realizou nesta quarta-feira, 3, às 15h, uma audiência pública interativa, que discutiu a sustentabilidade, a pesquisa e os diversos usos da alga Kappaphycus alvarezzi no Brasil, bem como, seus potenciais benefícios em diversos setores produtivos.
“A Kappaphycus alvarezii é uma das principais fontes de carragenina, aditivo alimentar de alto valor utilizado como estabilizante e espessante em diversos produtos, incluindo alimentos, rações, biocombustíveis, biofertilizantes, cosméticos e farmacêuticos. O cultivo da alga pode impulsionar a economia verde no Brasil, promovendo o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis e a geração de empregos em regiões costeiras”, destacou Seif.
Os pesquisadores, técnicos e acadêmicos presentes foram unânimes ao apontar a alga Kappaphycus alvarezii, como uma espécie promissora para o nosso país, tanto do ponto de vista econômico, quanto ambiental.
Pela primeira vez falando no Senado Federal, o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Maulori Curié Cabral, que é uma sumidade no assunto, anunciou que a Kappaphycus alvarezii já é reconhecida no país como uma alga não invasiva e inócua.
O representante do Sindicato Rural de Florianópolis, Leonardo Cabral Costa, falou em nome dos produtores da costa brasileira e reforçou a necessidade da abertura de mercado, assim como destacou o potencial da macroalga como bioestimulantes, além de alertar para a burocracia e a morosidade no processo de liberação de áreas produtivas.
O pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina – Epagri, Alex Alves dos Santos, apresentou uma avaliação genotípica de linhagens da macroalga cultivadas em Santa Catarina e de seus subprodutos, detalhando seus objetivos, produtos e impactos.
A pesquisadora do Instituto de Pesca de São Paulo, Valeria Gress Gelli, destacou a necessidade de capacitar e fortalecer as competências técnicas e produtivas relacionadas ao cultivo da macroalga para promover o desenvolvimento sustentável da algicultura, na sua sustentabilidade e geração de carbono, que são extremamente benéficas.
David Vilas Boas de Campos, que é pesquisador da Embrapa Solos, destacou o alto potencial da da Kappaphycus alvarezii para a produção de insumos e fertilizantes. Para ele é preciso validar a biomassa da alga como rica fonte de potássio, avaliar o resíduo da extração como insumo orgânico, como também, produzir fertilizantes organominerais a partir da biomassa da alga.
Para Danielle de Bem Luiz, chefe-geral da Embrapa Pesca e Aquicultura, o objetivo é propor projetos para subsidiar o desenvolvimento de uma cadeia de produção, comercialização e consumo da biomassa da macroalga Kappaphycus alvarezii no Brasil, com o objetivo de fixação e sucessão no campo, geração de emprego e renda e aumento no IDH da população. Para ela, os impactos positivos na economia circular e para o meio ambiente são inegáveis. Só em Santa Catarina, o potencial de produção é de 82,9 mil t/ano com um Potencial de Retorno de R$ 232 Milhões.
Também participaram da audiência, os senadores Esperidião Amin (PP-SC), Hamilton Mourão (Republicanos-RS) e Flávio Azevedo (PL-RN), além de membros da CRA e de maneira virtual, o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Dárlio Inácio Alves Teixeira, que também apontaram os aspectos econômicos, ambientais e sociais envolvidos no cultivo e na utilização da alga.